"Conversas em Salamanca: compreendendo o envelhecimento" retornaram ao Auditório Hospedería Fonseca, desta vez com a presença do renomado cientista Tom Kirkwood e do jornalista José María Calleja. Esta terceira edição do ciclo de diálogos organizados pela Fundação Geral da Universidade de Salamanca no âmbito do Cenie (Centro Internacional sobre o Envelhecimento) destinou-se a responder à pergunta "Porquê e como estamos a viver mais tempo?".
O envelhecimento da população é um tema recorrente que atrai cada vez mais a atenção não só da comunidade científica, mas também de todos em geral, uma vez que os dados deixam claro que o ser humano está destinado a enfrentar a longevidade com todas as suas vantagens e consequências.
O prestigiado cientista da Universidade de Newcastle ofereceu as chaves para lidar melhor com esta nova realidade, com especial ênfase em destacar os impactos positivos decorrentes do envelhecimento sobre a economia e a sociedade, ressaltando que se deve "apreciar o potencial do aumento da vida, e não apenas focar nas partes negativas".
Falando do aspecto económico, o convidado lamentou as políticas existentes, garantindo que "os políticos estão obcecados com os custos da saúde e pensões". Além disso, Kirkwood apontou alguns estudos da Universidade de Chicago que concluem que o impacto económico do envelhecimento é muito positivo, já que os adultos mais velhos "contribuem porque estão vivos, são consumidores e contribuem para a riqueza do país".
"Temos que redefinir o sistema. A visão tradicional da velhice é obsoleta, porque estamos programados para viver, não para morrer. O envelhecimento é maleável e, se aproveitarmos as oportunidades, podemos alcançar uma sociedade mais duradoura", continuou o cientista.
As consequências do envelhecimento incluem a solidão, um problema que Kirkwood atribuiu à falta de atenção da sociedade que "discrimina os idosos, nós pensamos que são um fardo".
Perguntado se o homem está pronto para bater o recorde atual de 122 anos Tom Kirkwood expressou a sua convicção de que não existe "nenhum limite", no entanto, "não temos no momento nenhuma maneira real para prolongar a vida humana. Todos os estudos são muito esperançosos e devemos estabelecer o objetivo de prolongar a vida e não de superar a morte".
José María Calleja
O jornalista espanhol acompanhou o cientista, moderando e orientando o diálogo durante as duas horas que duraram o ato. Antes de iniciar a conferência, o diretor da Fundação Geral da Universidade de Salamanca, Oscar González Benito explicou as linhas gerais e os objectivos do Centro Internacional sobre o Envelhecimento (cenie), liderado pela Fundação Geral da Universidade de Salamanca, a Fundação Geral do Conselho Superior de Investigação Científica, a Direção Geral da Saúde de Portugal e a Universidade do Algarve.
O Centro Internacional sobre o Envelhecimento é uma iniciativa aprovada no âmbito do programa de cooperação Interreg V-A, Espanha-Portugal, POCTEP, 2014-2020, do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).
Para ver o evento completo, clica aqui.