Com as viagens do Imserso confinadas pela pandemia do coronavírus, o governo estuda diversas opções para que o turismo não afunde nos meses de outono e inverno. Uma delas seria reformular o programa de Turismo Social e abri-lo para os mais jovens. Tudo para dessazonalizar a temporada turística pela impossibilidade de reativação do programa com pessoas que, devido à idade, pertençam a grupos de risco.
Assim, questionado sobre a possibilidade de inclusão de famílias ou jovens no programa Imserso para compensar a queda do turismo para idosos, o secretário de Estado do Turismo, Fernando Valdés, explicou que o Executivo tem sobre a mesa “todas as opções". “Estamos cientes da situação do setor turístico, passamos por um verão excecionalmente complicado e por decisões que complicaram a mobilidade dos turistas internacionais”, comentou, acrescentando que, portanto, devemos estar “dispostos a colocar alternativas na mesa” .
Valdés entende que se trata de um debate que deve ser "compatibilizado" com o diálogo social, o diagnóstico "compartilhado" entre as administrações e a "escuta" do setor sobre suas "necessidades". “Tanto estimular a demanda quanto apoiar por meio de outras iniciativas são medidas que, sem dúvida, vamos valorizar”, afirmou.
Esta proposta já havia sido defendida nos últimos dias pela Confederação Espanhola de Agências de Viagens (CEAV), que afirma que o programa Imserso seja mais flexível do que nunca com a idade e a renda. O seu presidente, Carlos Garrido, considera que estas viagens são “uma forma de incentivar o consumo e apoiar o setor”, pelo que espera que “haja época” através de condições mais flexíveis para potenciais beneficiários.
Desde que foram canceladas em março passado, nada se sabe sobre quando vão voltar as viagens de Imserso, que neste momento devem estar no mercado para a próxima campanha. Dos meios empresariais, fala-se que será necessário esperar pelo menos até fevereiro de 2021 para poder retomar o programa, desde que a situação epidémica no país o permita. Outros, em função da multiplicação das infeções, são mais pessimistas e colocam a volta das viagens na próxima primavera.
Que haja uma vacina eficaz contra o coronavírus ou que, pelo menos, a pandemia seja amenizada será a chave para o retorno. Mas, além disso, embora possam ser revendidos, deve-se levar em consideração a variável de haver demanda ou não, devido ao medo do contágio, algo que o setor teme devido ao perfil de idade a que se dirige este programa. O certo é que esta situação constitui um golpe económico para as agências e hoteleiros, já que grande parte de suas receitas dependia dessas viagens das quais participam um milhão de reformados espanhóis.
Os grupos de idosos pedem ao Governo que não se precipite numa decisão como esta até que seja garantida a total segurança dos viajantes. "Todos nós queremos nos divertir, mas seria ilógico anunciar datas se nem mesmo sabemos o que vai acontecer com os surtos ativos neste momento", disse Juan Manuel Martínez, presidente da Confederação Espanhola de Organizações de Idosos. “Seria inconsciente levantá-lo agora devido ao enorme risco que podem acarretar viagens em grupo como essas”, insiste.
Na mesma linha, Anatolio Díez, Secretário-Geral da União de Reformados e Pensionistas, que considera que a segurança sanitária passou a ser uma prioridade. “A questão da saúde é preocupante, então, enquanto não houver garantias de fazê-lo com segurança, não vamos pressionar”, afirma.
Um total de 372.495 usuários foi afetado pela interrupção em março dessas viagens, que foram cercadas de polémica pela devolução do dinheiro dos idosos que já haviam feito sua reserva. No início, foram descontadas as despesas de gestão, que eram de 6,20%, mas, por fim, o órgão retificou e obrigou os licitantes vencedores a ressarcir o valor integral.