Juan Carlos Izpisua e Xavier Sardà, como protagonistas do capítulo II de “Conversas em Salamanca: compreendendo o envelhecimento” tiveram durante 2 horas os assistentes do evento atentos à conferência "Colisões genéticas e epigenéticas celulares para o envelhecimento saudável".
O bioquímico espanhol, diretor do Laboratório de Expressão Génica Cátedra Roger Guillemin do Instituto Salk, avança com passos seguros na procura de uma solução para uma doença que, para ele, é a que apresenta maiores riscos para a saúde do ser humano: o envelhecimento A sua investigação visa, entre outras coisas: "retardar o aparecimento dos problemas" que surgem com o passar do tempo. "Podemos alterar, independentemente de como saímos da fábrica, o nosso envelhecimento", disse ele.
Com vasta experiência no campo da investigação, Juan Carlos Izpisua insistiu na grande responsabilidade que significa trabalhar com estas questões, ao mesmo tempo, que se mostrou entusiasmado com o seu progresso "Há alguns anos, só podíamos ler o genoma humano. Graças aos avanços técnicos, podemos reescrevê-lo e modificá-lo. "
Izpisua, ressaltou que não são apenas as doenças neurodegenerativas que acompanham o envelhecimento o problema, o cientista argumentou que as do aparelho locomotor são um ponto de interesse e algo a ser tratado, dando como exemplo as lesões dos atletas: "A mobilidade de um atleta profissional afetado pode ser corrigida modificando-se epigeneticamente certas células da sua articulação", ressaltando, no entanto, que é um processo complicado.
Por outro lado, o professor Izpisua aproveitou a oportunidade para explicar outra linha de trabalho que envolve a introdução de células no corpo humano que permitem a reativação de órgãos que apresentam problemas. No caso dos mamíferos, e mais especificamente em humanos, explicou que essa capacidade está presente apenas no período embrionário.
Em relação a doenças como o Parkinson ou Alzheimer, Izpisua revelou que a ideia é substituir as células que deixam de funcionar bem por outras que feitas em laboratório, lamentando que os avanços "não são tão rápidos quanto o esperado".
A boa notícia é que os genes não são tudo. Juan Carlos Izpisua encorajou os presentes a levar um estilo de vida mais saudável, o que se traduzirá num envelhecimento mais fácil. Enfatizou a importância de não comer em excesso, andar mais, ingerir vitamina C e reduzir o stress como a chave para alcançá-lo.
Xavier Sardà, o par perfeito
Não podemos ignorar o papel de Xavier Sardà como mestre de cerimónias. O jornalista mostrou grande empatia com o bioquímico e com os assistentes, aos quais arrancou mais de uma gargalhada com as suas intervenções.
Antes de iniciar a apresentação, Sardà deu passo ao diretor da Fundação Geral da Universidade de Salamanca, Óscar González Benito, que explicou as linhas gerais e os objetivos do Centro Internacional sobre o Envelhecimento (CENIE), liderado pela Fundação Geral do Fundação Universidade de Salamanca, Fundação Geral do Conselho Superior de Investigações Científicas, Direcção Geral da Saúde de Portugal e Universidade do Algarve.
O CENIE é uma iniciativa aprovada no Programa de Cooperação Transfronteiriça Interreg V-A, Espanha-Portugal, POCTEP, 2014-2020, do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).
Já na parte das perguntas, Xavier Sardà moderou as intervenções com maestria, ajudando e indicando o caminho para um diálogo aberto cheio de perguntas para o professor Izpisua. Vale a pena destacar a pergunta que Sardà lançou e que todos queriam ouvir: quanto tempo mais vamos ter para viver? Ao que o bioquímico respondeu que "estamos num momento chave na evolução de nossa espécie e podemos mudar a história da humanidade. Já nasceram as pessoas que viverão 130 anos.